sábado, 24 de janeiro de 2015

O Primeiro Livro de Enoque

O Primeiro livro de Enoque, grandemente conhecido pela sua versão em etíope e mais tarde pelas traduções gregas dos capítulos I-XXXII, XCVII-CI e CVI-CVII, bem como de algumas citações importantes feitas por Jorge Sincelo, autor bizantino. Teria sido escrito por Enoque, ancestral de Noé, contendo profecias e revelações.
Em Qumram, foram encontrados na Gruta 4, sete importantes cópias que foram atestadas pela versão Etíope. Estas cópias embora que não idênticas na totalidade foram encontradas em conjunto com cópias do Livro dos Gigantes referenciadas no capítulo IV do Primeiro livro de Enoque. As cópias de Qumram foram catalogadas com as referências 4Q201-2 e 204-12 e fazem parte da herança deixada pela comunidade Nazarita do Mar Morto, em Engedi. Além do Primeiro livro de Enoque, existem ainda, outros dois livros chamados Segundo Livro de Enoque e Terceiro Livro de Enoque, considerados semelhantes. Segundo Nickelsburg e Vanderkam a composição dos primeiros capítulos aconteceu a partir do terceiro século antes de Cristo. A composição inclui materiais retirados dos cinco livros de Moisés. R.H. Charles cita o seguinte exemplo:

Deuteronômio 33:2 Disse pois: O SENHOR veio de Sinai, e lhes subiu de Seir; resplandeceu desde o monte Parä, e veio com dez milhares de santos; à sua direita havia para eles o fogo da lei.

1 Enoque 1:9 Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos; para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade, que impiamente cometeram, e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele.

Existem diferenças notórias, embora que parciais, na estrutura das versões do Primeiro livro de Enoque. A parte astrológica é muito mais desenvolvida na versão etíope que na versão de Qumram. Por outro lado a secção do Livro das Parábolas dá mais ênfase a sua especulação a respeito do Filho do Homem na versão do Qumram do que na versão etíope. Existem outra inúmeras divergências estilísticas, colocadas provavelmente pelos diferentes tradutores que trabalharam as obras na altura.
O livro não foi incluido no cânon da Bíblia judaica ( Tanach, antigo testamento ), e também na Septuaginta ( Tradução para o grego feito por escribas Judeus do antigo testamento a pedido do Rei Ptolomeu ), nem nos livros deuterocanônicos, ( Livros que estão na biblia católica que não fizeram parte da versão protestante ) no entanto é importante mencionar que o livro de Enoque foi retirado da versão inicial da Biblia somente no quarto século depois de Cristo ( Diferente de outros apócrifos que mesmo antes do concilio de nicéia nunca foram considerados como inspirados por ninguém, muitos deles sendo tradicionamente ligados a Gnose ), sendo preservado somente nas igrejas dos paises africanos da Etiopia , que foi local de pregação do cristianismo primitivo ( Costuma se associar a criação da igreja ortodoxa da Etiopia com o Apóstolo Felipe, e já havia seguidores antigos do judaismo na região por causa da conversão da Rainha de Sabá a religião dos Judeus ), aonde ele ainda é considerado como obra inspirada, inclusive um dos primeiros  ). Embora, Francisco (2003) confirma que uma das mais antigas bíblias coptas, a Bíblia Etiope , admite o Primeiro livro de Enoque, A biblia da igreja ortodoxa da Eritreia também reconhece o livro como inspirado.
O Livro de Enoque foi considerado como Escritura na Epístola de Barnabé (16:4) e por muitos dos primeiros Teológos da Igreja primitiva, como Atenágoras, Clemente de Alexandria, Irineu e Tertuliano, que escreveu c. 200 que o Livro de Enoque tinha sido rejeitado pelos judeus porque continha profecias que pertencem a Cristo. ( Possue profecias a respeito de um messias chamado como filho do homem que seria adorado e inclusive rejeitado se lembro bem )Existem várias referências possíveis no Novo Testamento ao Primeiro livro de Enoque, entretanto, nenhuma referência é tão evidente como na Epístola de Judas (v.4.6.14). ( Posteriormente outros téologos da igreja primitiva que vieram depois dos primeiros sugeriram considerar a carta de Judas como não canônica somente por citar esse livro que no principio era considerado como inspirado mais que na opinião deles não deveria ser, mesmo que a carta de Judas em si fosse reconhecida em vários documentos pré concilio de nicéia como uma carta inspirada pelos primeiros seguidores de cristo, apesar do livro de Enoque em si ter sido removido do canônico cristão, a carta de Judas como bem sabemos não foi ) Dom Estêvão Bettencourt julgou que "A epístola canônica de S. Judas 14 o cita, mas nem por isto o tem como livro inspirado".3
"Enoque, o sétimo depois de Adão" é uma citação de 1En.60.8
"Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos.." de 1En.1:9 (de Deut.33:2)
Atipicamente, "E destes (genitivo) profetizou também Enoque" (Almeida) é "E a estes (dativo) profetizou também Enoque" em grego.
Pode-se também comentar uma certa semelhança entre a descrição da "morada dos mortos", apresentada no capitulo 22 do Primeiro livro de Enoque, com a parábola do homem rico e Lázaro, contada por Jesus em Lucas capitulo 16, nos versos de 19 à 31.
No Diálogo com Trifão, de Justino Mártir (100-165), Justino é claramente influenciada pelo livro, mas o judeu Trifão se opõe a essa tradição. Júlio Africano (200-245) foi o primeiro cristão a contestar a tradicional versão do Primeiro livro de Enoque. O Téologo Peter H. Davis também menciona grupos judeus antigos, especialmente os próximos a região do mar morto que consideravam o livro inspirado, ou ao menos como fonte histórica antigamente.

Assunto do livro:

O livro fala inicialmente do episódio que provocou o dilúvio, associando a figura dos filhos de Deus com anjos caidos, que tiveram relações com as filhas dos homens e que foram condenados por Deus por terem tido essa relação proibida da qual nasceu dessa relação uma linhagem demoniaca impia de gigantes que estava destruindo a terra e devorando os seres humanos e tudo o que tinha vida, além de contaminar a linhagem humana ( Noé era a exceção, por isso teria sido poupado e escolhido para ser livrado e repovoar a terra ), esses anjos caidos também ensinaram aos homens diversas práticas ocultistas, a fazer armas e outras coisas. Os anjos caidos que são condenados por Deus por esse crime são citados por nome, e inclusive são citados 5 lideres dos anjos caidos que aparentemente vieram antes da queda desses, inclusive o próprio Lúcifer biblico que é a serpente do Eden que é chamada de Satanás, que é retratado no livro pelo nome de Gadrel, e como um dos 5 lideres dos anjos caidos. O interessante é que os primeiros cristãos defendiam essa teoria a respeito da interpretação da passagem, até porque a palavra  Filhos de Deus em hebraico significa Bnei Elohim que era um termo que no antigo testamento so foi utilizado para se referir a anjos. Na verdade mesmo o historiador respeitado e famoso de história Judaica antiga Josefo cita que essa era a interpretação original da passagem de Eruditos judeus ( incluindo ele próprio mesmo ele em si sendo um judeu ortodoxo, que no entanto depois de pesquisar sobre as evidências historicas a respeito de Jesus, considerou que talvez ele de fato fosse o Messias, o que intriga nesses primeiros cristãos e eruditos judeus defenderem essa teoria é o fato que esse episódio so é descrito com detalhes e de forma mais clara no próprio livro de Enoque em si, mesmo que em Gênesis seja utilizado um termo que é de fato utilizado somente para anjos no antigo testamento praticamente se lembro bem, ele so foi mais usado para pessoas no novo testamento, quando era dito que os servos de Deus podiam ser adotados como filhos de Deus por meio da aceitação de Cristo ), posteriomente outros teológos vieram dizendo que os filhos de Deus eram os filhos de Set, e as filhas dos homens as filhas da linhagem maligna de Caim, já li uma matéria a respeito que diz que a mudança na interpretação da passagem foi devido a ela ser vista como bizarra demais por posteriores téologos da igreja. Além desse assunto, o livro também mostra a experiência de Enoque em mundos celestes a qual anjos de Deus levaram eles, inclusive seu encontro com Deus, também tem profecias sobre o apocalipse, profecias sobre o Messias Judeu, que era naquele tempo já chamado de filho do homem, descrito como um messias que seria adorado ( o que foi algo que era considerado abominavel pelos judeus da epoca de Jesus que seguiam os ensinamentos dos fariseus, escribas e saduceus que rejeitavam esse livro como inspirado ), que sentava ao lado direito de Deus, e se lembro bem que seria negado. Também tem passagens que fala de mistérios da criação que eu confesso não ter entendido bem, e outras partes que tenho que reeler que posso estar me esquecendo, no fim do livro também é falado de Noé e que seu nascimento era predestinado para a missão que ele teria em relação ao dilúvio, e que ele teria nascido com a aparência similar a de um anjo, mesmo que ele em si não fosse um. Finalizando digo que não quero forçar ninguém a mudar a opinião a respeito desse assunto que foi polêmico mesmo entre téologos da igreja posteriores aos primeiros da igreja primitiva, que começaram a questionar essa obra. No entanto eu acho que esse é um assunto que valha a pena pesquisar, até porque na minha opinião o livro do Enoque é muito esclarecedor sobre o que ocorreu no tempo de gênesis, e eu não vi contradições entre o que ele ensinava e o que as escrituras consideradas canônicas hoje ensinam, as citações dele na biblia como a da carta de Judas, e as 2 das cartas de pedro que alguns acreditam que tem passagens sejam relacionadas a ele são intrigantes também ( se lembro bem passagens que falam dos anjos caidos e da punição que eles sofreram ), um sinal que o livro era utilizado como fonte histórica no minimo, alias para no começo da igreja ele fazer parte do canônico da a entender que ele era mais que uma fonte histórica somente. Quem quiser ler ele mesmo que seja somente por curiosidade, deixarei um link online dele a seguir.


http://www.buscandoluz.org/estudos/133_O%20Livro%20de%20Enoque.pdf


                           

Imagem retratando os Nefilins/Gigantes biblicos, sua verdadeira origem e natureza são explicadas com detalhes no Livro de Enoque que até o quarto século depois de Cristo fez parte da biblia e era considerado um livro inspirado pela maioria dos Judeus seguidores de Jesus e  Cristãos primitivos, sendo citado inclusive na Biblia na carta de Judas, um servo importante de Jesus, que não é o mesmo Judas Iscariotes que lhe traiu.

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